ouvir

Meu aluno está pronto para ler?

Quando posso pedir ao meu aluno para ler?

 

Essas são perguntas que o professor de segunda língua muitas vezes se faz.

 

A habilidade de ouvir precede a de falar, assim como a de ler precede a de escrever.

 

Para a aquisição de um conteúdo ocorrer, é necessário o entendimento da mensagem. Por isso, o professor tem de facilitar ao aluno/aprendiz o entendimento do que lhe está sendo dito. Após ter compreendido a mensagem, ele será capaz de reproduzi-la no mesmo contexto ou em outros diferentes aos quais seja exposto. Ao ver essa mensagem transcrita, o aluno/aprendiz terá prazer em lê-la e ver que consegue identificar a correspondência fonema/grafema em uma língua não materna.

 

A leitura de uma estrutura já reproduzida oralmente pelo aluno/aprendiz ajuda na sua fixação. O estímulo visual da leitura é um facilitador da memorização. A leitura também conscientiza a reprodução dos fonemas, a relação grafema/fonema, sendo esse um bom momento para treino de pronúncia. Não se deve interromper a primeira leitura de um enunciado para não inibir o aluno/aprendiz. Deve-se, em seguida, melhorar os aspectos fonéticos e de entonação para que ele possa repeti-lo mais corretamente.

 

Até chegar o momento em que o aluno/aprendiz, sozinho, lerá um texto complexo, seja literário ou não, na língua-alvo, há um caminho a ser percorrido. Nesse caminho, o professor precisa facilitar o entendimento da cada texto apresentado antes de sua leitura. Não é só o vocabulário que dificulta a compreensão; muitas vezes, é a estrutura da frase, o uso de orações reduzidas. Detectar os pontos de dificuldade e criar atividades pré-leitura é papel do professor para que a habilidade de ler na língua-alvo seja prazerosa e não frustrante.

 

Iracema Guimarães

Fundadora do Instituto Aracatu

Meu aluno pode falar português desde a primeira aula?

Com certeza!! Se a mensagem tiver sido ouvida com clareza, com entendimento, contextualizada e ilustrada, o aluno/aprendiz vai ser capaz de reproduzi-la.

A primeira produção, normalmente, é a repetição do modelo falado pelo professor. Depois, o aluno/aprendiz pode fazer uma substituição em contexto, no paradigma, ser desafiado a dar uma resposta diferente da do modelo, até chegar à produção espontânea da sua mensagem, adaptada ao nível de fala exigido pela situação onde ela ocorrer.

Ao fazer a substituição no paradigma, o aluno/aprendiz percebe a ordenação frasal e descobre as categorias gramaticais, aumentando seu repertório linguístico, o que vai lhe proporcionar mais autonomia e espontaneidade na fala e, posteriormente, na sua escrita.

E a correção da pronúncia?

Tendo o aluno/aprendiz sido apresentado aos sons específicos do Português do Brasil que caracterizam a sua pronúncia, sua fala vai ser facilitada. Não é aconselhável que se corrija tudo ao mesmo tempo. Deve-se optar por um ou dois fonemas por vez, para que o aluno/aprendiz não se sinta intimidado para falar. Ele tem que ter liberdade de errar!

Um melhor momento para a correção da pronúncia é o da leitura, mais do que o da fala. Quanto mais livre a fala for, mais natural será.

Iracema Guimarães

Fundadora e Diretora Pedagógica